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O registro do início da ocupação das terras onde se localiza atualmente o município de Autazes data de 1650, quando o navegador português Antônio Tavares realizou a primeira viagem de reconhecimento à região do rio Madeira.

A disseminação da existência de riquezas na região foi realizada pelos precursores Francisco Melo Palheta e Frei Sampaio entre 1722 a 1723, que chegaram ao território com o objetivo de explorar e ocupar as terras para a expansão política e econômica de Portugal por meio da demarcação de áreas habitadas por índios Mura.

Esse acontecimento ocasionou diversos conflitos entre exploradores (missionários, colonos, militares) e nativos pela disputa das riquezas e da ocupação das terras do Rio Madeira. Reagindo à opressão, os Mura lutaram bravamente em defesa de seu habitat, e em função dessa resistência, no ano de 1738, os portugueses exigiram do governo a oficialização de uma guerra contra os índios. Tal episódio ficou conhecido no Amazonas como a “Devassa dos Mura”.

Com a elevação do Amazonas à categoria de Província, em 05 de setembro de 1850, através do Projeto de Lei nº 582, a região do Madeira, onde se encontra localizada a área do atual município de Autazes, passou a pertencer ao município de Maués. Nesse período, muitas expedições e comissões de reconhecimento chegaram às áreas dos rios Madeira, Japurá, Purus, dentre outros.

No início do século XVIII, a trajetória histórica de ocupação das terras da região de Autazes foi marcada pela chegada dos primeiros colonos (entre os anos de 1855 a 1870), vindos tanto do Amazonas e do Pará, como do nordeste do país. Esses grupos de pessoas vinham contagiados pela visão extrativista que, para eles, elevaria suas condições de enriquecimento por meio da exploração das riquezas naturais existentes, tendo como principal produto a borracha. Nessa época já existiam nove concessões de terras autorizadas pelo governo na região dos Autazes.

Em decorrência disso, o Povo Mura teve suas terras saqueadas e passou a ser controlado pelos Diretores Parciais de Aldeias, isto é, autoridades representantes dos coronéis da época.

Em 1890, um ano após a proclamação da república, o Sr. Luís Magno Cardoso, delimitou uma área de terra denominada “Vida Nova”, que se tornou demograficamente povoada devido o sistema econômico que se instalava no local. Anos depois, esse lugar, que corresponde a atual sede do município de Autazes, foi vendido a Aquilino Barros.

A partir de 1900, outras pessoas chegaram aos Autazes, mais exatamente à região do Paraná Autaz-Açu, Paraná Autaz Miri e rio Mamori, num processo de maior povoamento da área, com objetivo de desenvolver e organizar as atividades econômicas extrativas, agrícolas e pecuárias.

Em razão disso, os proprietários de terra fundaram, em 18 de agosto de 1923, o Sindicato Agropecuário Autaense, no terreno denominado Santa Amélia, região do Paraná do Autaz-Miri, sendo seu idealizador e primeiro presidente o Sr. Otaviano Augusto Soriano de Melo. Este sindicado foi muito importante para a criação e organização do município.

Em 1924, o Sindicato fundou o jornal “O AUTAENSE”, que servia de meio de divulgação das riquezas e desenvolvimento da região. No mesmo ano conseguiu, junto ao Presidente da República Artur Bernardes, por meio do decreto Presidencial nº 16.742, de 31 de dezembro de 1924, a linha de navegação entre Manaus e Autazes, que foi iniciada somente em 1925 e comandada pelo Sr. Antônio Mendes Peixoto. O objetivo dessa solicitação ao governo Federal era garantir o desenvolvimento da região, a comunicação com a capital, o escoamento dos produtos e o transporte das pessoas.

Apesar do funcionamento da linha de navegação e do jornal, havia necessidade de agrupar os moradores dispersos na vasta região dos Autazes. Com isso, os sócios do sindicato planejaram a criação de uma cidade e colônia agrícola, que se tornasse referência como centro econômico, social e cultural da região.

O terreno escolhido para instalação da cidade foi a área do paraná Autaz-Açu, considerado alto e livre de inundações anuais. Em 18 de agosto de 1925, o interventor Alfredo Sá autorizou o processo de regulamentação da cidade e colônia agrícola. A esse lote de terras foi dado o nome de Ambrósio Ayres em homenagem ao comandante das Forças Legalistas no conflito da Cabanagem no Alto Amazonas. Considerando o terreno Ambrósio Ayres pequeno para a construção da cidade, o sindicato comprou de Aquilino Barros o terreno vizinho denominado “Vida Nova”.

Assim, em 1926, a sede do Sindicato foi transferida para o local de funcionamento do escritório das obras de Ambrósio Ayres, iniciando assim a chegada dos primeiros moradores. Os engenheiros Francisco Barroncas, Francisco das Chagas Aguiar e Aristóteles de Matos Granjeiro foram encarregados do levantamento topográfico do terreno, do traçado das ruas e do projeto da estrada que ligaria Autazes ao Rio Madeira.

No 10º aniversário do Sindicato, em 1933, o povoado já estava instalado com seus lotes demarcados e iluminados por lampiões. Já existiam a igreja de São Joaquim, a Agência dos Correios e uma Escola Pública Distrital.

Devido a essa organização, Ambrósio Ayres passou à categoria de Distrito do município de Itacoatiara, pelo Decreto Estadual nº 176 de 1º de dezembro de 1938. Anos depois, sob o Decreto Lei de nº 1.400, de 05 de março de 1945, criou-se as circunscrições jurídicas de Ambrósio Ayres e Murutinga (aldeia Mura mais antiga na região) no município de Itacoatiara.

Finalmente, o município de Autazes fora oficialmente criado pela Lei Estadual nº 96 de 20 dezembro de 1955, pelo então governador Dr. Plínio Coelho. Porém, só foi instalado em 3 de março do ano de 1956, mediante a Lei Estadual nº 117, que substituiu o nome Ambrósio Ayres por Autazes.

Em 03 de outubro de 1959 foi realizada a primeira eleição para a escolha do Prefeito e dos vereadores, sendo o Sr. José Belo da Costa Sobrinho o primeiro prefeito Eleito do município de Autazes.

Em 1966, o projeto do Sindicato é realizado com a conclusão da Estrada AZ-1, que liga por 13 km a sede do município de Autazes a comunidade Rosarinho, no Rio Madeira.

Somente em 1984, a prefeitura compra do Sindicato o terreno Vida Nova, passando essas terras para o patrimônio público. Assim, o município de Autazes diferencia-se dos demais do Estado do Amazonas por ser o único fundado a partir de um sindicato.

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Abaixo alguns registros históricos coletados entre colegas professores e disponibilizados para conhecimento de nossa comunidade.